Galego (ou português da Galiza)
Classificação dos dialetos do português europeu segundo Lindley Cintra (1971).
Para ficar a saber mais...
- Luís F. Lindley CINTRA. "Nova proposta de classificação dos dialectos galego–portugueses" em Boletim de Filologia, Lisboa, Centro de Estudos Filológicos, 22, 1971, pp. 81-116.
- Victor DOMINGOS. "A Língua Portuguesa no Alto Minho". ArcosOnline.com (Portal de Arcos de Valdevez), agosto de 2004.
- "Manifesto unitário do reintegracionismo na Galiza". Santiago de Compostela, 15 de dezembro de 2001.
- "Galego, sempre mais. Contra a imposiçom do castelhano". Manifesto 17 de maio de 2009.
- "Manifesto pela hegemonia social do galego" (pdf). Galiza, julho de 2009.
- Alexandre BANHOS. "Podemos nós, os galegos da Galiza espanhola, reclamar o nome de galego para a língua comum?". VIII Colóquio da Lusofonia, outubro de 2009.
- António GIL. "Não existe normativa ''oficial'' do Galego". Vieiros, 3 de fevereiro de 2010 (atualmente em Diário Liberdade).
- "Gallego y sin subvenciones". El País, 5 de março de 2012.
- Carlos DURÃO. "Valentim Paz-Andrade, pioneiro do reintegracionismo e do Acordo Ortográfico". A Viagem dos Argonautas, 23 de março de 2012.
- "Quarta-feira Logo Vem". Filme da Gentalha do Pichel, 9 de julho de 2012.
- "Quatro imagens autênticas e uma só revolta interior". Portal Galego da Língua, 4 de junho de 2013.
Seleção de textos de autores galegos
Bento FEIJÓ (Ourense, 1676–1764)
Que a língua lusitana ou galega deve-se ter como dialeto separado da latina e não como subdialeto ou corrupção da castelhana, prova-se claramente com o maior parentesco que guarda aquela, que esta, com a latina (...) havendo dito que o idioma português e o galego são um mesmo, para confirmação da nossa proposição, e para satisfazer a curiosidade dos que se interessam na verdade dela, exporemos aqui brevemente a causa mais verosímil desta identidade...
Manuel MURGUIA (Arteixo, 1833–1923)
O primeiro, o nosso idioma (...); o formoso, o nobre idioma que do outro lado desse rio é língua oficial que serve a mais de vinte milhões de homens e tem uma literatura representada pelo nome glorioso de Camões e Vieira, de Garrett e de Herculano; o galego, em fim, que é o que nos dá direito à inteira possessão da terra em que todos fomos nados (...). Podemos dizer com verdade que nunca, nunca, nunca pagaremos aos nossos irmãos de Portugal todo que hajam feito do nosso galego um idioma oficial. Mais afortunado que o provençal —encerrado na sua comarca própria— não morrerá.
Francisco TETTAMANCY (Crunha, 1854–1921)
O seu idioma (dos portugueses) é o nosso, e tais são as afinidades que em nada diverge do galego, pela sua estrutura, pela sua fonética, pela sua fraseologia, pelas suas desinências, etc.; só que os portugueses o civilizaram.
Vicente RISCO (Ourense, 1884–1963)
Poucos Galegos se têm decatado do que Portugal é para nós. Portugal é a Galiza ceive e criadora, que levou pelo mundo adiante a nossa fala e o nosso espírito, e inçou de nomes galegos o mapa do Mundo.
O galego e o português são duas formas dialetais do mesmo idioma (...). Queiramos ou não, isto trava-nos fortemente, estreitamente com Portugal e com a civilização portuguesa.
Ernesto GUERRA DA CAL (Ferrol, 1911–1994)
Este estudo é obra de amor. Um amor já antigo. Amor que me levou, muito cedo na minha vida, a internar-me com uma curiosidade gozosa pelas verdes veigas e as praias sonoras da literatura portuguesa —que representaram para mim um assombrado encontro com o meu próprio espírito, uma inesperada descoberta da minha verdadeira intimidade. Portugal era o desenvolvimento cultural, pleno, da minha Galiza natal. Era o que a Galiza deveria ter sido se as vicissitudes e os caprichos da História não a tivessem transviado do seu destino natural, deturpando a sua fisionomia espiritual, quebrando a sua tradição, impondo-lhe formas de cultura alheias, estranhas ao seu caráter.
O verdadeiro meridiano espiritual galego passa por Lisboa e pelo Rio de Janeiro —e quanto antes reconheçamos esta verdade, antes se abrirão à nossa antiga voz recuperada as possibilidades de ecoar fora dos restritos confins comarcais nos quais nos estamos fechando, cegos às vastas perspectivas que temos diante dos olhos.
Antão VILAR PONTE (Viveiro, 1881–1936)
Galiza considera o português como o galego nacionalizado e modernizado.
Enquanto viva o português, o galego não morrerá (...). Ou é que ainda há quem pensa, possuindo alguma cultura, que o nosso idioma vernáculo e o idioma de Portugal não são um e o mesmo, com idêntica sintaxe e idêntico léxico, salvo pequenas diferenças de morfologia, ortográficas e prosódias (...)?
A unificação do galego e o português é tão fácil, senão mais, que a realizada por flamengos e holandeses com o seu idioma comum.
João Vicente BIQUEIRA (Madrid, 1886–1924)
O galego, não sendo uma língua irmã do Português senão uma forma do português (como o andaluz do castelhano), tem-se que escrever pois como português. Viver no seu seio é viver no mundo; é viver sendo nós mesmos!
Insisto muito nisto da ortografia, porque ela terá, unida à purificação da língua, uma virtude mágica: fará da nossa fala campesina, isolada, uma língua universal, de valor internacional e instrumento de cultura. Ademais, capacitará a todos os galegos para lerem o português, o que, diga-se o que se queira, hoje não podem fazer.
Afonso Daniel Rodrigues CASTELÃO (Rianjo, 1886–1950)
Eu desejo que em Galiza se fale tão bem o galego como o castelhano, e o castelhano tão bem como o galego. Desejo, ademais, que o galego se confunda com o português, de modo que tivêssemos assim dous idiomas extensos e úteis.
Ramão OUTEIRO PEDRALHO (Ourense, 1886–1976)
Os melhores espíritos portugueses e galegos são cidadãos da integridade da Galiza antiga (...). A língua deve voltar a ser a mesma, para fortalecimento do ser transcendental da Céltiga ibérica.
Galiza, tanto etnograficamente como geograficamente e desde o aspecto linguístico, é uma prolongação de Portugal; ou Portugal uma prolongação da Galiza, o mesmo dá.
Álvaro CUNQUEIRO (Mondonhedo, 1911–1981)
O galego-português será falado no ano 2000 por 200 milhões de seres, entre galegos, portugueses e brasileiros. Quando se logre a unificação ortográfica, à que haverá de chegar-se, é indubitável que a língua galega não será um cemitério linguístico, como o holandês, ponhamos por caso.
Rafael DIESTE (Rianjo, 1899–1981)
Existe entre o galego e mais o português tão estreita afinidade que quanto mais português é o português e mais galego é o galego, mais vêm a se assemelharem.
Ricardo CARVALHO CAEIRO (Ferrol, 1910–1990)
As fronteiras políticas não podem impor estrangeiria a formas dialetais, ou simples falas, do mesmo idioma. O labordano é basco, o roselhonês é catalão, o aranês é garcão, o valão é francês, o flamengo é neerlandês, como o mexicano e o argentino são espanhol.
Nestas condições, o galego não pode viver de costas ao português, pois o Minho não é uma fronteira linguística...
Muitos séculos de castelhanização têm influido na mentalidade dos galegos de tal jeito que mesmo os galeguistas mais radicais revelam às vezes o seu castelhanismo no seu radicalismo. O nacionalismo linguístico que propugna o isolamento do galego, parece insconsciente manifestação de vassalagem ao ponto de vista centralista castelhano.
Do mesmo jeito que os diferentes dialetos do castelhano se escrevem com a mesma ortografia, ainda que a pronúncia andaluza, por exemplo, difere consideravelmente da burgalesa, caberia uma ortografia unificada para o âmbito galego-português, ainda que um falante compostelano, um falante lisboeta e um falante evorense manifestem também as suas peculiaridades na pronúncia.
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